Opinião 65: a juventude que não se calou

roberto_magalhues_1640_300dpis_47cm_13                                                                      Sem Título (1965) – Roberto Magalhães


 

A exposição “Opinião 65: 50 anos depois” teve como objetivo comemorar o cinquentenário da mostra que foi considerada um marco na história da arte brasileira. Seu destaque se deu pelo caráter revolucionário, no sentido de que o Brasil vivia em um contexto de regime militar recém-instaurado. Suas obras possuíam um teor combativo, na direção de dar voz a uma juventude que nunca havia sido ouvida antes.

Com diferentes estéticas e explorações de novas técnicas artísticas, as polêmicas obras tentavam retratar ideias distintas, embora todas voltadas a uma comunicação com a sociedade da época. Personagens sociais foram, por exemplo, elevados à categoria de representações coletivas míticas, sem falar nas puras manifestações públicas da comunidade urbana, como o samba, o carnaval. Antes de assim serem reconhecidas, pelo conteúdo plástico das obras ou pelo seu estilo ou proposições técnicas, eram elas, por mais diferentes que fossem esteticamente, identificadas pela marca muito significativa de emergirem todos os seus autores de um meio social comum, por igual convulsionado, por igual motivado. É por isso que vemos uma arte altamente interiorizada de símbolos (corações, falos, sexos) e que se distribuem, rigorosamente, num esquema formal simétrico que lembra o da arte bizantina.

Destacamos a obra exposta acima por acharmos que ela apresenta uma representação simbólica do que foi o período ditatorial. Através de traços muito quadriculados, ela nos remete a ideia de uma pessoa “quadrada”, ou seja, fechada para novas ideias, presa em si mesma. Com esse conceito é que o autor cria a imagem do soldado do regime. Trabalhado no simbolismo, como, por exemplo, o uso da suástica no uniforme do personagem, Roberto Magalhães – o autor da obra – sintetiza o regime na figura do militar, ou seja, um período violento, em que houve muita alienação e intolerância, assim como o que o quadro nos remete.


Grupo: Alice Loureiro, Carolina Magalhães, Juliana Agra, Luiza Bittencourt e Pedro Henrique Guzzo

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